Colecionadores pagam até R$570 mil por pombo


Na China, colecionadores pagam até R$ 570 mil por pombo-correio

 

DA FRANCE PRESSE, EM COURTRAI

Colecionadores chineses estão oferecendo dezenas de milhares de euros por um pombo-correio belga em detrimento dos tradicionais amadores, que parecem estar sendo 'ultrapassados' em seu hobby pela globalização.

O adestramento de pombos é uma velha paixão chinesa. Em Pequim, os proprietários soltam as aves para saídas curtas, treinando-as para retornar ao pombal ao recebimento de uma ordem.

Georges Gobet - 18.fev.12/France Press

Homem analisando pombo

Homem examina pombo em feira internacional em Kortrijk; chineses pagam fortunas pelas aves

Na Bélgica, mas também na Holanda ou no norte da França, os pombos-correios de concurso são levados de trem a distâncias superiores a 1.000 quilômetros do ponto de partida (de Barcelona, Clermont-Ferrand ou ainda Limoges).

O vencedor é o pássaro que, por instinto, chega em primeiro lugar ao pombal, fazendo com que seu proprietário ganhe somas às vezes significativas.

Tal paixão se transmite --embora cada vez menos-- de geração a geração, com a colombofilia entrando em declínio nas últimas décadas na Europa.

Mas, recentemente, a chegada dos asiáticos mudou o tom.

No final de janeiro, Hu Zhen Yu, um riquíssimo industrial chinês, pagou pelo pássaro "Special Blue" nada menos que 250 mil euros [R$ 570 mil], batendo o recorde mundial na matéria.

Seu antigo proprietário, o holandês Pieter Veenstra, vendeu 245 dessas aves por cerca de 2 milhões de euros [R$ 4,5 milhões] nos últimos anos, segundo o site especializado Pigeon Paradise, que possui metade dos clientes de nacionalidade chinesa.

''REINO DOS POMBOS-CORREIOS'

Amadores vindos do Oriente desembolsam somas importantes se o pássaro "ganhou prêmios e tem um bom pedigree", explicou à AFP Nikolaas Gyselbrecht, presidente da PIPA, paralelamente à décima segunda Feira internacional de Colombofilia, que atraiu mais de 7.000 amadores em Courtrai (noroeste) em meados de fevereiro.

"Acho que a Bélgica é o reino dos pombos-correios", confirma um dos visitantes do site, o taiuanês Johnson Kiang.

Nem todos, no entanto, veem com bons olhos a chegada dos ricos compradores asiáticos.

"Para mim, é muito claro; 200 mil euros, não é normal", considera um apaixonado, vindo de Lille (norte da França), Marcel Candenier. "É uma aberração, estão querendo acabar com este esporte". "Como vocês querem que um jovem se comporte em relação a isso?", indaga seu compatriota Gilles Vanneuville.

Willy Anquinet, modesto criador de 75 anos, que possui cerca de 80 pombos-correios em sua cidade de Gooik, no subúrbio verde de Bruxelas, passou por dissabores ligados ao excesso de dinheiro que circula neste meio.

No começo de fevereiro, entrou com uma queixa pelo roubo de seu campeão, o "Noir". "Chegaram a me propor 15 mil euros [R$ 34 mil] por ele", confiou.

Alguns dias após a visita de compradores potenciais, "o cadeado do pombal foi forçado e levaram meu pássaro; tentaram pegar um outro, mas quebraram uma de suas asas", contou, mostrando o pombo agora sem poder competir.

SEGURANÇA

Ao contrário dele, Marc De Cock, que possui 600 pássaros, decidiu investir na infraestrutura de segurança em Temse (norte). Seus pombos, alguns valendo 100 mil euros [R$ 228 mil], são vigiados por 15 câmaras e dispõem até de uma ducha e de um slário, "um tratamento digno dos grandes do esporte".

Marc De Cock visa claramente os clientes da Ásia. "Os chineses veem na posse desses pássaros importância e prestígio. Mesmo não sendo criadores, sem participar de concursos, querem adquirir um pombo-correio de luxo, como um amante de arte gostaria de possuir um Rubens ou um Rembrandt", sorri De Cock, que prefere se manter discreto sobre os lucros advindos de seu hobby.

Fonte: http://folha.com/no1054824

28/02/2012 - 18h20 .

 

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